Domingo de manhã. Vejo uma senhora, com aquele ar de beata devota do interior, subindo aos pés da escadaria da Igreja de São José, antes de subir o segundo lance de escadas, de um total de quatro, ela para e toda benevolente olha para cima, contempla a imensidão do céu e admira a bela fachada da Igreja, respira fundo e mete a mão na bolsa procurando por algo aparentemente diminuto. Matei a charada. Obviamente ela está procurando aquele antigo terço de contas dado pela sua avó em leito de morte e que mais tarde ela conseguiu que o Papa João Paulo II abençoasse quando veio ao Brasil. No fim de meu devaneio ela encontra o objeto procurado. Saca-o da bolsa. De dentro de um saquinho preto, que muito se assemelhava a uma meia, ela o tira, contempla novamente a Igreja com aqueles olhos que diziam “ainda bem que lembrei dele antes de entrar”, pega-o, coloca no silencioso, põe de volta no saquinho, esse na bolsa e segue para sua missa matinal de domingo. oO
Belo Horizonte, 1º de maio de 2011, terceiro lance de escadas da Igreja de São José.